Huberto Rohden

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sábado, 23 de abril de 2011

Não creias numa morte real!

Para milhares de pessoas, é a perspectiva da morte inevitável o principal motivo de infelicidade. E essa infelicidade cresce na razão direta em que se aproxima, inexoravelmente, o fim da existência terrestre. Aprenderam, em crianças, que a morte é o fim da vida, e não conseguiram, mais tarde, libertar-se desse erro tradicional. Pelo contrário, o horror à morte foi neles intensificado por certas doutrinas teológicas sobre um estado definitivo post-mortem...


A vida continua lá onde parou. Não pode um processo material e meramente negativo, como é a destruição do organismo, modificar essencialmente a vida do homem. Não pode a morte negativa fazer o que a vida positiva não faz.


Quando um ovinho de borboleta "morre" para o seu estado primitivo, não morre a vida interna do ovo, morre apenas o invólucro externo dele, a fim de possibilitar à vida latente e pequenina uma expansão maior e mais bela....Morre a pequena vida do ovinho para que possa viver a vida maior da lagarta.


Quando, semanas mais tarde, a lagarta também "morre" e se imobiliza no misterioso ataúde da crisálida ou do casulo, mais uma vez essa pseudo morte preludia uma nova fase de vida, mais ampla e plena que as duas etapas anteriores.


Finalmente, vem a terceira "morte" desse inseto em evolução ascencional e o ocaso dessa terceira fase da vida é a alvorada da vida mais deslumbrante que vai despontar- a borboleta.


Em cada nova metamorfose, o inseto morre com a mesma tranquilidade com que nasce e renasce, porque sabe institivamente que essas vicissitudes de luz e trevas, de movimento e imobilidade, de expansão e contração são necessárias para atingir a meta final de sua evolução. O inseto não é capaz de crear uma falsa teologia ou filosofia sobre si mesmo, e por isso não teme a morte, prelúdio de uma vida nova.

Também o homem "morre" a cada noite, quando se recolhe ao sono- a fim de ressuscitar, no dia seguinte, com vida nova e maiores forças. É uma inconsciência entre duas consciências. Assim como o sono não atinge a vida central do nosso Eu, e sim apenas o invólucro periférico, do mesmo modo a morte não afeta a nossa íntima essência, que dá vida aos invólucros externos...

Quando, pois, vês morrer um dos teus entes queridos, leitor, não te entristeças, não chores desconsolado, não fales em desastre ou catástrofe, não te cubras de luto. Fica em silêncio por algum tempo, abisma-te em ti mesmo, acompanhando com a alma a metamorfose da tua "borboleta"...

O melhor meio para não ter medo da morte é praticar diariamente a "morte voluntária", antes que venha a morte compulsória..."Eu morro todos os dias", escreve Paulo de Tarso,"e é por isso que eu vivo; mas não sou eu que vivo, é o Cristo que vive em mim."

O caminho da felicidade, páginas 91 a 95-Segunda Edição-2005,Editora Martin Claret

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